Como citar
SANTIAGO, Iago Gusmão. Acervo Digital. In: Corpus Toponymicum Bahiae, 2025. Disponível em: https://ctbahiae.com/index.php/acervo-digital/. Acesso em: .
Resgatando a memória da toponímia baiana
O Acervo Digital de Documentos Históricos para Estudos Toponímcos (ADHET) é uma ferramenta criada para tornar acessíveis aos toponimistas em geral os dados extraídos das fontes documentais que são a base do repositório, possibilitando a revisão do corpus transcrito por meio da comparação com os registros nos fac-símiles. Ela também apresenta a aspectos da produção dos documentos utilizados e da cultura escrita subjacente. Assim, busca-se preservar não apenas o fato linguístico, mas a condição cultural do topônimo, resgatando uma outra face da memória que a abordagem pragmática destes nomes pode evocar.
O ato de escrita é condicionado por uma série de interferências relativas às práticas e às condições de escrita. Por isso, compreender a natureza das fontes documentais utilizadas é condição sine qua non para interpretar os dados linguísticos nelas registrados. Nesse sentido, a metodologia delineada tem como base princípios filológicos, o que implica a análise dos dados linguísticos in praesentia, lançando um olhar sobre a materialidade das fontes e a sua sócio-história, indispensáveis para a construção de um aparato analítico empírico da toponímia.
A filologia pode ser definida, em linhas gerais, como a ciência que estuda os textos, considerando-o desde uma concepção mais estrita do termo, como construto linguístico ou evento comunicativo, à sua condição de artefato histórico e produto da cultura (Santos e Souza, 2012; Barreiros, 2017). Os aspectos filológicos, considerados como secundários e, até mesmo, irrelevantes por parte de toponimistas estruturalistas, possibilitam um olhar vivo da toponímia e novas vias de interpretação. Os diálogos entre as vertentes contemporâneas da filologia e a ecotoponomástica ampliam os horizontes dos estudos toponímicos, tornando-a mais pragmática em termos descritivos e menos idealista no que concerne à interpretação da realidade toponímica. Essa atividade colaborativa não apenas serve como complemento dos estudos toponímicos, mas introduz preocupações propriamente filológicas que despertam o interesse na toponímia como um fato cultural que integra a história cultural das práticas de escrita.
Configura-se como interesse interdisciplinar entre a filologia e a toponomástica questões como:
i. a dinâmica dos topônimos nos textos, considerando restrições impostas aos nomes no discurso, por gênero textual, suporte, graus de formalidade, temáticas, etc.;
ii. as práticas de escrita (manuscrita, impressa ou digital) que envolvem a toponímia: documentos oficiais de registro, formas de arquivamento e memória, usos feitos pela imprensa local, as diferentes estratégias de registro cartográfico, uso em documentos pessoais, sua materialização diferentes mídias, etc.;
iii. a preservação da memória documental de um nome, considerando as diferentes alterações grafemáticas, as narrativas documentadas, a interferência dos organismos oficiais e seus mecanismos normativos;
iv. a recodificação, por meio da atividade editorial, destes aspectos para produtos digitais, bem como a reflexão sobre a toponímia no contexto da cultura escrita digital (em edições, bancos de dados, dicionários, etc.).
A primeira etapa de incursão filológica do ADJET se concentra no estudo e edição das fontes para a constitução de três corpora toponymica diferentes:
i. A cartografia histórica baiana, com destaque para mapas do período Colonial, tanto os que registram todo o território da Capitania da Bahia, como também as plantas de cidades baianas;
ii. A toponímia registrada em documentos de acervos pessoais de escritores, especialmente no Acervo do escritor Eulálio Motta e do escritor Afrânio Peixoto;
iii. Os nomes de estabelecimentos rurais listados no Recenseamento do Brazil (1920), o primeiro desta natureza, que apresenta um corpus exaustivo das fazendas baianas nomeadas ao longo da história do estado.
Documentos
Fac-símile: miniatura do documento.
Título: título do documento editado. Ao clicar nele, o usuário tem acesso à informações sobre os mapas, fac-símile e lista completa dos topônimos
Tipo: tipologia documental.
Datação: data de produção do documento. Quando não há registro no corpus utiliza-se a sigla n/d (não datado). Quando a datação for conjecturada, vem acompanhada de um sinal de interrogação (?).
Autor: autor do documento. Quando não há registro no corpus utiliza-se a sigla n/a (não assinado). Quando a autoria for conjecturada, vem acompanhada de um sinal de interrogação (?).
Núm. topônimos: Número de topônimos encontrados no documento. Registra-se as diversas ocorrências (Ocor.) de um mesmo topônimo. Considera-se um mesmo topônimo, as formas homônimas que designam uma mesma entidade geográfica, podendo haver oscilação gráfica.
Fonte: acervo de onde provém o documento.
| N. | Fac-símile | Título | Tipo | Datação | Autor | Núm. topônimos | Fonte |
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| 1 | ![]() | Mapa da Comarca da Bahia de Todos os Santos sua divisão desde o rio Jiquiriça athé o rio Real pela parte do Norte | Mapa | n/d 1761-1807? | n/a Anastasio de Santana | Ocor.: 151 | Acervo Digital da Biblioteca Nacional (digitalização) |
![]() | Mapa da Comarca dos Jlheos: Pertencente a Capitania da Bahia de Todos os Santos | Mapa | n/d 1761-1807? | n/a Anastasio de Santana? | Ocor.: 72 | Acervo Digital da Biblioteca Nacional (digitalização) |
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| 3 | ![]() | Mapa da Commarca da Bahia de Todos os Santos seguindo a continuação della para o poente | Mapa | n/d 1761-1807? | n/a Anastasio de Santana? | Ocor.: 188 | Acervo Digital da Biblioteca Nacional (digitalização) |


