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SANTIAGO, Iago Gusmão. Sobre. In: Corpus Toponymicum Bahiae, 2025. Disponível em: https://ctbahiae.com/index.php/sobre/. Acesso em: .

O portal Corpus Toponymicum Bahiae (CTB) busca estabelecer uma confluência entre as humanidades digitais e ambientais, tendo a toponímia como fio condutor. A intenção é apresentar uma plataforma que não funcione apenas como um banco de dados linguísticos convencional, mas que seja um ambiente convidativo que proporcione ao usuário uma imersão na complexidade do processo denominativo e o conduza à reflexão crítica acerca da toponímia e, principalmente, das formas como interagimos com os nossos ambientes. Assim, a experiência de compreender os porquês dos nomes de lugares será atravessada pelos porquês por detrás da exploração/destruição dos recursos naturais, da extinção das espécies, da crise climática e outros rastros deixados pelo processo de exploração do território baiano. As linguagens para comunicar tais questões vão muito além da verbal, explorando ampla gama de recursos que a hipermídia oferece.

Princípios

Ararinha-azul

Identidade visual

Rotas

Mapa do site

Princípios

A plataforma é o orientada por alguns princípios:

1. Princípio rizomático: considera-se que a toponímia não é um sistema formado por unidades discretas, mas uma rede de conexões heterogêneas e múltiplas que lhe conformam uma arquitetura assimétrica, não podendo ser analisada de forma forma satisfatória por um viés idealista e unidirecional.

2. Princípio ecocêntrico: o estudo toponímico é capaz de revelar não apenas processos linguísticos, mas a perspectiva do nomeador acerca do lugar e do ambiente motivador.  Assim, entender a toponímia é também entender as relações ecológicas e antiecológicas envolvidas na nomeação. Para além disso, considera-se importante transformar estas relações em narrativas que estimulem o pensamento ecocêntrico.

3. Princípio filológico: entende-se que o topônimo pode apresentar variações de registro e restrições de uso nos documentos. A abordagem filológica (in praesentia) é a forma mais indicada para demonstrar seu aspecto dinâmico.

4. Princípio pedagógico: a nomeação toponímica é um fenômeno de interesse comum e necessita estar acessível aos diferentes públicos: especializado ou geral. Para isso, é preciso desenvolver uma variedade de produtos que possam veicular este conhecimento nos diferentes níveis formativos.

5. Princípio tecnológico: é necessário recorrer às novas tecnologias, de forma responsável (evitando o uso de IA, quando possível) e adaptá-las às necessidades atuais dos novos usuários, tornando o conteúdo atrativo e aprimorando sua usabilidade.

Ararinha-azul

Ararinhas-azuis em um recinto construído especialmente para a espécie no Zoológico de São Paulo. Foto cedida pelo Zoológico de São Paulo ao site Mongabay.

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma ave própria da região da Bahia e está no centro do debate relativo aos danos ambientais causados pela má gestão dos recursos naturais, responsáveis pelo esgotamento de elementos e extinção de espécies. Desde que foi descoberta , em 1819, a ave passou por um processo gradual de desaparecimento na natureza, graças à atividade de desmatamento e ao comércio ilegal de animais silvestres, culminando em sua extinção nos anos 2000. Após o desaparecimento do último espécime na natureza, a reintrodução da espécie na caatinga foi possível devido à existência de aves vivendo em criadouros na Alemanha. Os responsáveis pelo trabalho de preservação da Cyanopsitta spixii tem sido o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Conservation of Threatened Parrots (ACTP). Em 2020, 52 ararinhas-azuis nascidas no Brasil foram transferidas de um centro de reprodução em Curaçá-BA, onde puderam ser reintegradas ao seu habitat natural em 2022. Apesar de o projeto ter sido bem sucedido e os espécimes terem se adaptado ao ambiente, um estudo realizado (Vercillo et al., 2023) mostrou que ainda há um longo caminho a se percorrer para que a espécie não corra risco de extinção nos próximos cem anos, sendo necessário um aumento da sua população para em torno de 800 animais, o que depende de diversos fatores, dentre eles a manutenção de acordos entre as entidades envolvidas. A figura da ararinha-azul se tornou um símbolo de esperança no percurso de reparação de danos causados ao mundo natural e tem sido utilizada em diversos contextos em defesa da causa ambiental. No cinema, por exemplo, a animação Rio (2011; 2014) conta a história de duas ararinhas-azuis, Blu e Jade, os últimos espécimes vivos que tentam escapar do comércio ilegal de animais silvestres. O uso de um símbolo já reconhecido no campo da luta ambiental facilita o processo de compreensão dos interesses do projeto e contribui para a manutenção dos seus significados simbólicos.

Além do trabalho desenvolvido para reintrodução da espécie, várias atividades têm sido realizadas visando à conscientização sobre a necessidade de preservação. Dentre elas, é possível mencionar atividades voltadas para a restauração caatinga, habitat natural destas aves, realizado pelo projeto RE-Habitar Ararinha Azul. Há também atividades sociais, como foi o caso da corrida da ararinha-azul que ocorreu no município de Curaçá-BA, dentro das unidades de conservação da ave, com a participação de adultos e crianças, além de diversas outras atrações. As crianças puderam participar da Corrida da ararinha-azul Tita, personagem infantil criado pelo escritor e ambientalista Victor Flores.

Imagens disponíveis na página do escritor Victor Flores e Curaçá Oficial.

Identidade visual

O isotipo (cf. figura ao lado) criado para o portal retoma os elementos constituintes básicos a partir dos quais se desdobram as principais interações toponímicas com o mundo natural: a hidrografia (na cor azul), a geomorfologia (na cor creme), a flora (na cor verde) e a fauna (na imagem da ararinha-azul). Esses elementos, geralmente vistos pela ótica antropocêntrica como recursos a serem apropriados, não só se projetam de forma substancial na toponímia, mas fornecem as bases que sustentam o mundo cultural onde as interações de natureza antrópica se estabelecem. Ainda no interior da esfera, destaca-se o desenho de uma baía simbolizando a Baía de Todos os Santos, entidade motivadora do nome do estado. A ararinha-azul envolve a esfera formando um ‘C’ de corpus que se estende desde a cabeça até a extremidade da asa.

O símbolo e as cores foram utilizados como base para o desenvolvimento do leiaute dos logotipos de diversas ferramentas do portal, com adaptações às características de cada produto.

Rotas do projeto

A plataforma tem por objetivo hospedar uma diversidade de produtos de estrutura aberta, com possibilidade de ampliação e atualização de estudos subsequentes: o Acervo Digital de Documentos Históricos para Estudos Toponímicos (ADHET), com edição e crítica filológica de fontes para o estudo toponímico; o Dicionário Toponímico Ecológico Histórico da Bahia, com verbetes estruturados considerando os aspectos ecolinguísticos e filológicos da toponímia baiana; além de outros recursos a serem estruturados futuramente como um atlas digital, um banco de dados e uma biblioteca digital com recursos hipermidiáticos. O trabalho une reflexões do campo das humanidades digitais (HD), voltadas ao desenvolvimento de banco de dados toponímicos, elaboração de dicionários digitais, como das humanidades ambientais (HA), especialmente da ecolinguística, tendo a toponomástica como ponto de intersecção entre as duas grandes áreas.

O portal CTB tem como objetivo:

1. Coletar dados toponímicos de diferentes fontes documentais, assim como analisar estas fontes do ponto de vista filológico;

2. Analisar estes dados do ponto de vista formal e ecolinguístico por meio da classificação, descrição das redes toponímicas e suas relações com os ambientes físico/natural, social e mental.

3. Organização dos dados analisados em um dicionário digital, um banco de dados multidimensional, um atlas toponímico digital;

4. Transposição didática dos resultados da pesquisa por meio da elaboração de materiais didáticos em diferentes formatos para a educação básica e superior.

Mapa do site

No mapa ao lado é possível observar os três eixos do site acessíveis pelo menu principal localizado no topo do site. No entanto, as seções marcadas na cor cinza ainda não estão disponíveis para o acesso. Na aba Apresentação você poderá conhecer mais sobre o projeto e equipe. Na aba Corpus Toponymicum, você poderá acessar os nossos dados, consultando o nosso Acervo Digital de Documentos Históricos para Estudos Toponímicos (ADHET) para conhecer as nossas fontes, e o Dicionário Toponímico Histórico Ecológico da Bahia que apresenta os aspectos linguísticos e ecológicos da toponímia baiana. Na aba Biblioteca, você pode ver mídias relacionadas à toponímia e ao ambiente baiano, além de materiais sobre a Ecotoponomástica e as nossas publicações.

Referências

ALMEIDA, Thamara Santos de. Restaurando a Caatinga: experiência do projeto RE-Habitar Ararinha Azul na Bahia. In: Apremavi, 2025. Acesso em: 22 nov. 2025.

ARAÚJO, Bernardo. Para a ‘extinta’ ararinha-azul, retorno bem-sucedido é ofuscado por incertezas. In: Mongabay, 2024. . Acesso em: 22 nov. 2025.

CURAÇA OFICIAL. Corrida da Ararinha Azul encanta Comunidade da Fazenda Melancia em Curaçá. In: Curaçá Oficial, 2023. Acesso em: 22 nov. 2025.

Vercillo Ugo et al. Spix’s Macaw Cyanopsitta spixii (Wagler, 1832) population viability analysis. Bird Conservation International, Cambridge, v. 33, p. 1-12, 2023.

FLORES, Victor. Tita. In: Victor Flores, s. d. Acesso em: 22 nov. 2025.