Como citar
SANTIAGO, Iago Gusmão. Ecotoponomástica. In: Corpus Toponymicum Bahiae, 2025. Disponível em: https://ctbahiae.com/index.php/ecotoponomastica/. Acesso em: .
A ecotoponomástica
A ecotoponomástica se apresenta como um campo interdisciplinar com diferenças substanciais da abordagem do ambiente feita pela toponomástica tradicional. Apesar do uso do prefixo eco- como identificador da articulação entre os dois campos, a toponomástica e a ecolinguística, ressaltando que se trata de uma proposta alternativa para o estudo toponímico, é importante lembrar que a proposta não rompe completamente com a toponomástica tradicional, no sentido de haver um aproveitamento de pautas cruciais e da terminologia consagrada. Pelo contrário, o que se pretende em termos de continuidade é a reavaliação de noções já consolidadas que podem ser reinterpretadas à luz de uma teoria própria sobre o ambiente, como é a ecolinguística. Assim, a ecotoponomástica, ao mesmo tempo em que toma um direcionamento diferente da abordagem tradicional, lhe possibilita oportunidades de revitalização ao lançar-lhe novos olhares, encorajando uma revisão sistemática de ideias que se encontram profundamente enraizadas.
A toponomástica
Toponomástica (definição).
Do ponto de vista terminológico, é comum no Brasil[1] a utilização do termo toponímia para designar a área de estudo e também o conjunto de topônimos de uma determinada área geográfica. Entretanto, adota-se neste estudo a postura que tem sido seguida a nível internacional, recomendada na lista de termos onomásticos, produzida pelo International Congress of Onomastic Sciences (ICOS, 2011) com a intenção de desfazer a ambiguidade terminológica existente, distinguindo a toponímia, conjunto de topônimos de uma determinada área geográfica, da toponomástica[2], disciplina que estuda estes nomes. No que concerne aos adjetivos, toponomástico e toponímico, considera-se que ambos podem ser utilizados, visto que há casos análogos para os dois exemplos: estudo toponomástico, adjetivo derivado da disciplina, assim como em estudo lexicológico, dialetológico, fraseológico, fonológico, ou estudo toponímico, derivado a partir do objeto, como em estudo lexical, dialetal, textual.
[1] Tanto no Brasil, como no exterior, é comum ainda encontrar os termos sendo usados como sinônimos (Seabra e Isquerdo, 2018), influenciados, principalmente, pela contínua retomada da bibliografia tradicional. Apesar disso, cabe destacar o uso recente tanto do termo toponomástica (Cambraia; Seabra, 2025), como antroponomástica (Amaral; Seide, 2020) ou de ambos Hough (2016).
[2] Apesar de ser uma recomendação recente, o termo é empregado desde a formação da disciplina, quando Longnon, um dos seus precursores, referiu-se à Toponomastique générale em uma série de conferências realizadas em 1879.
O prefixo eco-
Novos olhares
A tese
Saiba mais
Sobre toponomástica e o estudo dos nomes de lugar.
Sobre ecolinguística e o estudo das interações linguísticas.
Referências
AMARAL, Eduardo Tadeu Roque; SEIDE, Márcia Sipavicius. Nomes próprios de pessoa: introdução à antroponímia brasileira. São Paulo: Blucher, 2020.
CAMBRAIA, César Nardelli. SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. Fontes para o estudo da toponímia da Cidade de Belo Horizonte: Indicador de Ruas do Almanak Laemmert de 1935. São Carlos: Pedro & João Editores, 2025.
COUTO, Hildo Honório do. Ecolinguística: estudo das relações entre língua e meio ambiente. Brasília: Thesaurus, 2007.
HOUGH, Carole. Introduction. In: HOUGH, Carole (Eds.). The Oxford handbook of names and naming. United Kingdom: Oxford University Press, p. 1-13, 2016.
ICOS. Onomastic terminology. In: The International Council of Onomastic Sciences. 2011. Acesso em: 22 nov. 2025.
LONGNON, Auguste. Les noms de lieu de la France – Leur origine, leur signification, leurs transformations. Résumé des conférences de toponomastique générale faites à l’École des hautes études. Pub. par Paul Marichal et Léon Mirot. Paris: E. Champion, 1920-1929.
NASH, Joshua. Insular Toponymies: Place-Naming on Norfolk Island, South Pacific and Dudley Peninsula, Kangaroo Island. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2013.
SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de; ISQUERDO, Aparecida Negri. A Onomástica em diferentes perspectivas: resultados de pesquisas. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p. 993-1000, 2018.